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sábado, 10 de julho de 2010

Tomar Um Banho de Chuva


Gosto muito de ficar vendo a chuva escorrer pelos vidros. Acho lindo mesmo. Algumas gotas se desprendem, se misturam a outras, formam uma gota maior e escorregam. Outras ficam mais fixas, outras apenas tocam o vidro, sem dar tempo de que acompanhemos o seu desenlace. Fiquei pensando em muitas sentidos para isso. Talvez os melhores momentos da vida sejam aqueles nos quais nos permitimos. Nos permitimos ser mais ousados, mais inocentes, mais alegres, mais crianças, menos sérios, mais leves, menos rígidos, menos cartão-de-ponto com a vida. Há pessoas que não se permitem… nada! Há pessoas que ficam cheias de dedos consigo mesmas… não vou fazer isso para não me magoar, não vou falar isso para não sofrer, não vou pedir isso para que ele não pense o contrário, não vou respirar para ele não achar que eu estou roubando o oxigênio dele, não vou ser eu mesmo porque isso pode deixar alguém triste. Se a gente fica cheio de dedos com o mundo, acaba não vivendo, mas apenas tocando de leve qualquer movimento parecido com a vida.
Ficar pisando em ovos com os outros é uma coisa, mas pisar em ovos para não rachar a sua própria armadura contra o mundo é outra coisa. Ninguém pode se preservar para sempre de tudo. Ninguém pode se esconder para sempre de suas próprias emoções, de seus próprios desejos, de suas vontades mais secretas! Permitir-se é poder se dar de presente uma oportunidade de ser feliz, de fazer diferente, de ousar, de ter coragem de se olhar e de se acarinhar. Todo mundo precisa de afeto, até aqueles que se dizem fechados para essas coisas. Todo mundo precisa de uma palavra amiga, de um colo quente, de um beijo no canto da orelha e de uma companhia.
Por que não deixar que aquela pessoa especial entre na sua vida? Para não sofrer? Muitas pessoas deixam de experimentar por medo de sofrer. E aqui reside um grande engano: as pessoas que se poupam gastam uma energia descomunal para aguentar isso, ou seja, acabam sofrendo mais não vivendo do que se atirassem ao destino e às suas consequências. Não se preserve tanto, você não está extinção, é apenas um ser finito. Uma hora o seu tempo de florescer terá chegado ao fim e não sei quantas pessoas irão dizer que você realmente viveu. Saia de casa, compre uma roupa nova, solte o cabelo, respire fundo e não tenha medo de tomar aquela chuva. Por que ficar olhando apenas do lado de dentro do vidro? Para que guarda-chuva se o melhor da chuva é poder se molhar?! Tem dúvidas se isso é bom? Saia e experimente.

 (Fabio Scorsolini, Psicólogo e Mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo)

Um comentário:

  1. "...tem gente como você que nem percebe que tem a alma perfumada.
    E que esse perfume é dom de DEUS..."

    Carlos Drummond

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