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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Entre a frieza e a vida




Por volta dos meus simplórios 14 anos de idade, minha vida não passava de uma cartilha cheia de regras e conformidades. Tudo aquilo que não fosse dentro do padrão social poderia ser descartado. Ciúmes então era regra número 1. Roupas compostas, cabelo arrumado, etiqueta, mais regras e mais ciúmes. Quanta bobagem. Quanto tempo perdido.

Naquele tempo eu me considerava frio e calculista, meus sentimentos eram planejados, mas sempre caia na armadilha dos amores platônicos. Também pudera, na simplicidade da minha adolescência eu estava classificado como a terceira pessoa depois de ninguém. Isso porque agente sempre considera importante nossas conquistas e se esquece do quanto somos importantes e conquistas pra outros. Na verdade eu tinha muita importância pra minha família e meus amigos. Tinha não, TENHO.

Mas o que desejo relatar aqui é a estranheza com que começamos nossas vidas, todo mundo protegido, como se não devêssemos ou não pudéssemos nos contagiar com a alegria dos outros, com as bobagens, com as virtudes e até mesmo com os vícios do irmão ao lado. Se eu soubesse que viver era assim tão maravilhoso, não tinha desperdiçado esses anos de minha adolescência sentindo ciúmes, planejando alguns sentimentos e me protegendo de outros. Se eu soubesse que a vida era essa delícia, eu tinha caído mais cedo na algazarra, na loucura, nos sonhos...

Sim, nos sonhos. Quando somos adolescentes sonhamos mais do que podemos realizar. Mentira! Agente sonha o tamanho do nosso poder de realização e, algumas vezes, sonha tanto que dá até pra dividir os sonhos com o amigo-irmão e se transformar em doador de sonhos.

Se eu soubesse que a vida era tão boa, teria inventado a máquina que faz o tempo parar e a que faz agente não parar nunca de rir, mesmo que seja pra chorar. Teria inventado a máquina que faz agente se apaixonar todo dia por algo diferente e uma outra pra aquecer nossos corações, muitas vezes gélidos.

Eu descobri que não adianta agente ser frio e calculista porque a vida se intensifica no calor das emoções. É amando e deixando ser amado que agente cresce. Quando resolvi jogar fora minha couraça pude aproveitar melhor cada segundinho desta maravilhosa vida.

Por quantas vezes pensei em como seria interessante ter essa mentalidade atual nos meus 18 anos. Mas como isso seria possível se meus pensamentos contemporâneos advêm de minhas experiências e estas são o resultado do que vivi ao longo destes 37 anos? Então me conformei em pensar assim enquanto ainda há tempo de viver um pouco mais, de sorrir muito mais, apaixonar-se ainda mais e amar infinitamente, sem nenhum preconceito.

Não sei, nem quero saber quanto tempo me resta. Vivo cada dia como se fosse o último, mas sempre deixando aquela sementinha, caso eu abra os olhos novamente amanhã. Desta forma sou imensamente feliz e ainda irradio essa alegria a quem convive comigo. Não perco tempo reclamando, pedindo, nem tão pouco agradecendo. Prefiro gastar o tempo aproveitando ao máximo tudo o que recebi. Agente é cobrado na medida do que ganha mesmo.

E não perco tempo reclamando das coisas que não deram certo. Sempre existirá o lado bom de todas as coisas. É só mudar o ponto de vista e teremos outra emoção.

Hum, emoção!

Estão vendo que tudo se baseia nela?

Não adianta querer ser gelo, porque o ser humano mantém sua temperatura interna constante. Se estamos frios, estamos mortos, sem vida.

Aos meus amigos frios e calculistas desejo-lhes sorte. A mesma que tive ao descobrir que o calor mantém nosso sangue circulando, nosso coração batendo e o cérebro funcionando. Já o frio, como disse há pouco, se não significar que estamos mortos, significa que estamos parados, inertes. Não falo isso com o coração, mas com a experiência destes anos de alegria contagiosa.

Então que tal sairmos de meros expectadores da vida e adentrarmos nesse espetáculo como atores principais?

Vamos! Ainda há tempo.

“Vamos nos permitir “ simplesmente “viver tudo o que há pra viver”.

Eu amo você, vida.

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