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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Criança 2010

Estou em Curitiba, no estado do Paraná, confirmando como verdade tudo o que me falaram sobre esta magnífica cidade. Realmente fiquei encantado. Da janela do hotel, enquanto escrevo este texto, não me canso de olhar a paisagem urbana bela e organizada de arquitetura mesclada nestes mais de 3 séculos de existência desta formosa cidade sulista.
Viajei até aqui para participar de um congresso internacional que somente ocorre a cada 5 anos, promovido pelo maior hospital em referência pediátrica do Brasil, Hospital Pequeno Príncipe, o qual terei o prazer de conhecê-lo na tarde de amanhã e certamente escreverei um texto sobre esta visita posterioremente.
No evento agente conversa em 3 línguas: inglês, espanhol e português. É uma ótima oportunidade pra desenferrujar nosso inglês e o nosso espanhol técnico. O reencontro com colegas é sempre divertido, mas fazer novos amigos é um prazer imensurável. Em breve vou postar um texto sobre 2 novas amigas médicas que tive a imensa felicidade de conhecer durante esse congresso e essa amizade transformou o que seria uma sessão científica de solidão em uma divertida aventura.
Mas o que quero mesmo deixar ressaltado nesse pequeno texto é o fato de que mais uma vez estou muiiiiiiiito orgulhoso da minha Bahia, porque ao participar deste congresso internacional, tendo recentemente participado do Congresso Baiano de Pediatria, não pude deixar de comparar o nível dos trabalhos científicos e das aulas e chegar à seguinte conclusão: na Bahia, agente faz igualzinho ao que o resto do mundo tá fazendo, só que com muito mais calor e emoção.
Estou muito satisfeito de ser pediatra na Bahia, terra de todos os Santos.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Entre a frieza e a vida




Por volta dos meus simplórios 14 anos de idade, minha vida não passava de uma cartilha cheia de regras e conformidades. Tudo aquilo que não fosse dentro do padrão social poderia ser descartado. Ciúmes então era regra número 1. Roupas compostas, cabelo arrumado, etiqueta, mais regras e mais ciúmes. Quanta bobagem. Quanto tempo perdido.

Naquele tempo eu me considerava frio e calculista, meus sentimentos eram planejados, mas sempre caia na armadilha dos amores platônicos. Também pudera, na simplicidade da minha adolescência eu estava classificado como a terceira pessoa depois de ninguém. Isso porque agente sempre considera importante nossas conquistas e se esquece do quanto somos importantes e conquistas pra outros. Na verdade eu tinha muita importância pra minha família e meus amigos. Tinha não, TENHO.

Mas o que desejo relatar aqui é a estranheza com que começamos nossas vidas, todo mundo protegido, como se não devêssemos ou não pudéssemos nos contagiar com a alegria dos outros, com as bobagens, com as virtudes e até mesmo com os vícios do irmão ao lado. Se eu soubesse que viver era assim tão maravilhoso, não tinha desperdiçado esses anos de minha adolescência sentindo ciúmes, planejando alguns sentimentos e me protegendo de outros. Se eu soubesse que a vida era essa delícia, eu tinha caído mais cedo na algazarra, na loucura, nos sonhos...

Sim, nos sonhos. Quando somos adolescentes sonhamos mais do que podemos realizar. Mentira! Agente sonha o tamanho do nosso poder de realização e, algumas vezes, sonha tanto que dá até pra dividir os sonhos com o amigo-irmão e se transformar em doador de sonhos.

Se eu soubesse que a vida era tão boa, teria inventado a máquina que faz o tempo parar e a que faz agente não parar nunca de rir, mesmo que seja pra chorar. Teria inventado a máquina que faz agente se apaixonar todo dia por algo diferente e uma outra pra aquecer nossos corações, muitas vezes gélidos.

Eu descobri que não adianta agente ser frio e calculista porque a vida se intensifica no calor das emoções. É amando e deixando ser amado que agente cresce. Quando resolvi jogar fora minha couraça pude aproveitar melhor cada segundinho desta maravilhosa vida.

Por quantas vezes pensei em como seria interessante ter essa mentalidade atual nos meus 18 anos. Mas como isso seria possível se meus pensamentos contemporâneos advêm de minhas experiências e estas são o resultado do que vivi ao longo destes 37 anos? Então me conformei em pensar assim enquanto ainda há tempo de viver um pouco mais, de sorrir muito mais, apaixonar-se ainda mais e amar infinitamente, sem nenhum preconceito.

Não sei, nem quero saber quanto tempo me resta. Vivo cada dia como se fosse o último, mas sempre deixando aquela sementinha, caso eu abra os olhos novamente amanhã. Desta forma sou imensamente feliz e ainda irradio essa alegria a quem convive comigo. Não perco tempo reclamando, pedindo, nem tão pouco agradecendo. Prefiro gastar o tempo aproveitando ao máximo tudo o que recebi. Agente é cobrado na medida do que ganha mesmo.

E não perco tempo reclamando das coisas que não deram certo. Sempre existirá o lado bom de todas as coisas. É só mudar o ponto de vista e teremos outra emoção.

Hum, emoção!

Estão vendo que tudo se baseia nela?

Não adianta querer ser gelo, porque o ser humano mantém sua temperatura interna constante. Se estamos frios, estamos mortos, sem vida.

Aos meus amigos frios e calculistas desejo-lhes sorte. A mesma que tive ao descobrir que o calor mantém nosso sangue circulando, nosso coração batendo e o cérebro funcionando. Já o frio, como disse há pouco, se não significar que estamos mortos, significa que estamos parados, inertes. Não falo isso com o coração, mas com a experiência destes anos de alegria contagiosa.

Então que tal sairmos de meros expectadores da vida e adentrarmos nesse espetáculo como atores principais?

Vamos! Ainda há tempo.

“Vamos nos permitir “ simplesmente “viver tudo o que há pra viver”.

Eu amo você, vida.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Agradecimento (Rionegro)


Ao meu Pai do céu, hoje eu quero agradecer...
Tantas maravilhas, que eu tenho pra viver!
A terra, o céu, o mar e o ar que eu respiro...
Essa natureza que eu tanto admiro!
Pelo sol e pela lua, pela noite pelo dia...
Pelos meus amigos e a minha família!
Pelo sol e pela lua, pela noite, pelo dia...
Pelos meus amigos e a minha família!
Pela matas, obrigado Senhor
E os animias, obrigado Senhor
Pelos rios, obrigado Senhor
A minha paz, obrigado Senhor!!!
Ao meu Pai do céu, hoje eu quero agradecer...
Tantas maravilhas, que eu tenho pra viver!
A terra, o céu, o mar e o ar que eu respiro...
Essa natureza que eu tanto admiro!
Pelo sol e pela lua, pela noite pelo dia...
Pelos meus amigos e a minha família!
Pelo sol e pela lua, pela noite, pelo dia...
Pelos meus amigos e a minha família!
Pela matas, obrigado Senhor
E os animias, obrigado Senhor
Pelos rios, obrigado Senhor
A minha paz, obrigado Senhor!!!
Pelas crianças, obrigado Senhor
Pelos velhinhos, obrigado Senhor
Pela saúde, obrigado Senhor
Pelo emprego, obrigado Senhor!!!
Por minha fé, obrigado Senhor!
E pelo pão, obrigado Senhor
Pela justiça, obrigado Senhor
E pela música! Obigado Senhor 

Aconteceu no consultório


(lembrando que nomes são trocados para proteger a imagem de meus pacientes)

Quando agente é médico uma das coisas que aprendemos nas disciplinas de psicologia e pediatria é o fenômeno da transferência. Em outras palavras, quando você serve de fortaleza e se torna exemplo pra alguém é bem provável que este se apegue e transfira sentimentos pra esta relação profissional, criando afeto ou desafeto.
E médico é assim, é visto como uma coisa do outro mundo e se agente consegue quebrar esses estigmas fica mais fácil. Eu, particularmente, nunca gostei muito de ser chamado de doutor, sempre oriento todos a me chamarem de Alex, trabalhei muitas vezes sem a mesa entre mim e o paciente, queria fazer o paciente se sentir acolhido, sentar-se ao meu lado.
Até que as coisas mudaram...

Trabalhei por 2 anos em um posto de saúde no interior da Bahia onde realizava atendimento de clínica-médica, lá eu atendia do recém nascido ao idoso. Toda a comunidade já havia criado um forte laço de amizade comigo estreitando a relação médico-paciente.
Maria era uma paciente diabética assídua, tinha 32 anos, dessas que não perdia uma consulta. Agente ficou mais próximo quando Maria perdera sua mamãe e participamos do velório, dando aquele apoio de médico-amigo à família. Depois disso Maria tinha ficado muito mais à vontade pra me contar absolutamente tudo sobre sua vida.
Nossas consultas eram sempre mais longas que as dos demais pacientes, Maria tinha a necessidade de falar e de ser ouvida. Eu entendia que, ouvindo-lhe melhor, seria mais fácil sua adesão ao tratamento, como na verdade foi. Maria fazia tudo muito certinho, seus níveis de glicemia davam inveja a qualquer paciente não diabético. Mantinha seus exames em dia e sua saúde também.
O problema é que por traz de toda essa relação de amizade, Maria estava transferindo sentimentos de afeto pra mim e isso se tornou numa paixão unilateral que estava começando a me preocupar. Toda consulta era o motivo pra ela se insinuar e deixar uma cartinha recheada de mimos e paixão. Cada carta era uma declaração de amor.
Confesso que achava tudo muito bonito, mas não podia corresponder, então me mantinha mudo sobre esse assunto, nunca comentei o teor das cartas com ela e ao perceber que ela se insinuava, mostrava-me despercebido.
Tudo ia muito bem, parecia que a situação estava sob controle. Até que a última carta deixou-me deveras preocupado, Maria ameaçava fazer coisas absurdas (nem quero relembrar). Achei melhor conversar com um amigo mais experiente e mostrar-lhe as cartas, pedir-lhe uma orientação. A conclusão foi de que seria a hora de eu realmente intervir, inverter a situação.
Na consulta agendada, Maria apareceu, tranquila como de costume, irradiando saúde. Ao finalizar o atendimento, comentei com ela sobre sua última carta e sobre seu comportamento nos últimos 4 meses. Senti que ficara nervosa, um pouco pálida – estava percebendo que não iria atingir seu objetivo. De repente, no meio da conversa (achando eu ter o controle da situação), Maria pulou sobre mim e, num ato de desespero, começou a me beijar fugazmente. Não correspondi e tentava delicadamente afastá-la de mim, até ela perceber o insucesso de sua investida.
Quando Maria caiu em si, começou a chorar e, enquanto se recompunha, dizia-me que eu estava perdendo de ter uma mulher e tanto, que eu ira me arrepender de não ter dado essa chance a ela. E saiu sem me olhar nos olhos...
Maria sumiu do ambulatório por 2 meses, fiquei preocupado, mas sempre me avisavam que ela continuava o tratamento com outro médico. Isto me deixava aliviado, ela era um exemplo de paciente, não queria que sua saúde mudasse.
E não mudou. Quando Maria resolveu voltar a se consultar comigo continuava bem, sem agravos, mais magra e esbanjando serenidade.
Confesso que ela voltou mais fria, recuada, mas isso mudou com o tempo. Aos poucos ela percebia que podia ter de mim respeito, amizade, companheirismo e dedicação de médico. Isso já bastava.
Depois disso resolvi recolocar a mesa do consultório no seu devido lugar. Mas continuo deixando meus pacientes muito à vontade.
Hoje Maria está casada, comparece ao consultório para me trazer seu filho, mas sem a assiduidade de antes.
rsrs

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Tão humano como estar em crise…

Vamos falar de mais uma crise no namoro? Sim, vamos discutir a relação.
Quem namora está exposto e também disposto a entrar em uma crise. Do mesmo modo como uma pessoa que não namora ou que nem pensa em namorar. Estar em crise faz parte do ser humano e tentar dar conta disso é uma tarefa que nos ajuda a amadurecer. Uma crise pode ser um momento importante para você decidir aquilo que quer e aquilo que não deseja mais. Se a gente pode melhorar depois de entrar numa crise, então insisto na ideia de que crise não é sinônimo de uma coisa ruim.Vamos pensar de outra forma?
Namorar é ajustar os ponteiros. Mas esse ajuste não significa que ambos vão fazê-lo ao mesmo tempo, pois cada um tem o seu próprio modo de despertar. Estar em um relacionamento não significa que ambos sintam ao mesmo tempo, tenham as mesmas necessidades, desejem na mesma intensidade ou façam planos para uma vida inteira – os mesmos planos. Construir uma casa juntos, comprar um sonho juntos ou mesmo abraçar o mesmo caminho não significa segurança ou garantia de estabilidade. Pelo contrário. Em um namoro, cada um acaba tendo o seu momento, acaba precisando de mais atenção em um dado período, mas é só com o tempo que a gente vai entendendo a necessidade do outro, deixando de falar mais daquilo que queremos e prestando atenção ao que a nossa relação pede.
Mas uma coisa é fato: a sua relação é para te fazer feliz, em primeiro lugar. Se você puder fazer o outro feliz também, bingo. Se algo nisso se perder, é bom parar, fazer uma reflexão (junto ou separado) e ver se a relação faz sentido na sua vida. Isso não significa dizer se o seu namoro te trouxe alegrias. Tudo o que a gente vive fica na nossa história, toda pessoa que amamos acaba nos ajudando a nos desenvolver, a repensar, a aprender. O balanço que você pode fazer é se tudo isso é aquilo que você realmente quer para o seu presente. As crises podem ser indícios de que não apenas podemos mudar nossa relação, como também o parceiro e a nossa própria condição diante da vida e da nossa afetividade.

(Fabio Scorsolini)

Poesia da Felicidade


Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
(Fernando Pessoa) 

domingo, 15 de agosto de 2010

E falando em sonhos...


"Uma existência sem sonhos é uma semente sem solo, um planta sem nutrientes. Os sonhos não determinam que tipo de árvore você será, mas dão forças para entender que não há crescimento sem tempestades, períodos sem dificuldades e incompreensão... - brinquem mais, sorriam mais, imaginem mais. Lambuzem-se com a terra dos seus sonhos. Sem terra a semente não germina..."
(Augusto Curry)

Ouvi hoje num filme

"Quando agente sonha muito com uma coisa e isso se torna realidade em nossa vida, nossa vida pode se transformar num sonho"

O velório de “Cheiroso”



Algumas vezes eu fico a pensar que o Cara lá de cima está montando um exército de boas almas. Nos últimos meses desta atribulada vida, tenho frequentado o sepultamento de grandes seres humanos, pessoas que ainda tinham muito por fazerem em nosso planeta desesperançoso.
Hoje foi mais um destes dias de velório. Acabamos de deixar em nosso cemitério local mais um amigo.
Irônico porque comentava há um mês, associando ao filme “Quatro casamentos e um funeral”, o fato de já termos comparecido em três funerais em Rio Real e que, diferente do filme, será que iríamos a quatro funerais e um casamento?
Justamente no dia de ontem, fomos a um casamento, hoje a um funeral.
Isso tudo é irônico, não pelas coincidências, até porque não acredito em destinos e premonições, mas irônico porque estávamos todos juntos, em festa. Após o casamento agente se encontrou na casa do nosso prefeito pra uma reunião política onde estavam todos os amigos da família 11 e Cheiroso estava lá, alegre, como sempre, feliz, ao lado de sua esposa e de seus amigos.
O irônico é que numa cidade como a nossa agente se torna todo mundo uma só família. Encontramo-nos em todos os eventos sempre e o que muda é apenas o cenário, pois as personagens são fieis e vitalícias. Estávamos ontem todos num casamento, numa reunião festiva e hoje num momento doloroso.
E família é assim, igual à promessa dos noivos no casamento – “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...” – agente tá sempre junto.
Cheiroso se foi e levou uma marca própria do seu caráter, o serviço. Nele havia uma alma sempre disposta a ajudar, não me lembro de quando ele disse não. E era fiel aos amigos, guerreiro, combatente. Que o diga o amigo vereador Nino de Zé Bonfim, que hoje eu vi chorar, eles eram primos-irmãos, Cheiroso era seu grande aliado. Que o digam meus amigos e colegas de trabalho do grupo de endemias que perderam um irmão de coragem e dedicação. Que o diga nossa secretária Emanuelle que perdera um grande funcionário da saúde. Que o diga sua esposa, mãe dedicada e fiel que perdeu o grande pai de seu filho e amado esposo. Que o digam seus pais que hoje inverteram o ciclo normal da vida enterrando seu filho precioso e adorado. Que digam seus irmãos e primos que deixarão de receber aquele abraço caloroso que só ele tinha. Que digamos nós que perdemos o grande amigo solidário. Que o diga seu filho, que quando crescer só ouvirá histórias bonitas de seu pai-herói.
Vai amigo. Descanse em paz. Qualquer dia desses agente vai se encontrar...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Betinha Kid


Eu só queria dizer
Que amo você.
E que, apesar de tudo,
Nossa história, nossa vida,
Nossas alegrias,
Nossas tristezas,
Nunca ninguém reescreverá.
Esse amor único, insano, incompreendido
Sempre foi o melhor que eu pude lhe dar.
Eu sempre lhe dei a melhor parte de mim.
Embora você não tenha conseguido me dividir,
No meu melhor pedaço de mim, sempre esteve escrito
o seu doce e delicado nome.
(Alex Kid)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Tá bom, tá bom então.
Você me diz logo o que quer de mim e eu prometo fazê-lo.
Eu sabia que Você viria me cobrar um dia...
Estou pronto, Senhor.

Não sei quantas almas tenho


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: <>
Deus sabe, porque o escreveu.

(Fernando Pessoa)

Ah, Fernando Sabino...


De tudo ficaram três coisas:
A certeza de que estamos começando,
A certeza de que é preciso continuar e
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar.
Fazer da interrupção um caminho novo,
Fazer da queda um passo de dança,
Do medo uma escola,
Do sonho uma ponte,
Da procura um encontro,
E assim terá valido a pena existir!
(Fernando Sabino)

Aconteceu há 10 anos



No ano de 2000, fui convidado a trabalhar num ambulatório público de pediatria, numa certa cidade no interior de Sergipe, a 40 km da Capital. Lugar acolhedor de povo tranquilo, simpático, amável.
Eu nem saberia que lá iria viver uma das maiores alegrias e frustrações de minha vida como médico pediatra.
Lucas era um garoto de 8 anos de idade vitimado pela esquistossomose. Apresentava uma lesão na medula reversível. Mas a chance de ter acesso a um serviço diferenciado tornou sua doença ainda mais grave quando perdeu os movimentos das 2 pernas.
Conheci Lucas, nos braços da sua mãe, uma senhora franzina, de olhar meigo e reservado. Após examiná-lo percebi que precisava da ajuda de um colega neurologista pra orientar o tratamento adequado para o Lucas, já que o mesmo se encontrava com paresia dos membros inferiores.
Neste momento agente abusa dos amigos, Lucas foi atendido por uma competente colega Neurologista em Aracaju que confirmou o diagnóstico de esquistossomose medular, dando dicas quanto ao acompanhamento e tratamento.
Assim fizemos. Após ler o relatório da Dra. Débora, percebi que não tínhamos todos os recursos para o sucesso no tratamento do Lucas, então convoquei a equipe de trabalho do posto de saúde e partimos para a ação. Fizemos uma campanha entre todos pra arrecadar fundos para a compra dos medicamentos, improvisamos, com a ajuda do pai de Lucas, uma bicicleta ergométrica em sua casa, ensinamos à família como fazer os exercícios de fisioterapia (tratamento inexistente no município) e entregamos os medicamentos necessários, sempre agendando o retorno.
Volto a ressaltar que a lesão de Lucas era reversível, ou seja, tinha cura.
Passados 2 meses de muita luta, perdi o contato com o Lucas acho que por mais 2 meses. Certo dia, ao entrar no posto de saúde e dirigir-me até minha sala deparei-me com um garoto forte, bonito, que me lembrava e muito o Lucas, ele estava de pé e andando pelo corredor do ambulatório. Confesso que na ansiedade de chegar e começar a atender minhas crianças, não prestei muita atenção ao garoto.
De repente entra na minha sala, uma das funcionárias da recepção, esbaforida, dizendo:
- Doutor, doutor, o senhor já viu quem está no posto, caminhando? O Lucas Doutor, o Lucas.
De repente percebi que lágrimas caíram de seus olhos...
Fiquei exultante, pedi logo para que ele entrasse. Lucas estava curado, andando, feliz, mais forte. O sorriso de seus pais nem cabia em suas faces. Recebi muitos abraços de todos. Aquele foi um grande dia, sem dúvida.
Mas, como disse um poeta certa vez, “a verdadeira felicidade é algo muito próximo da tristeza”. Na semana seguinte, ao chegar no ambulatório, fui abordado por algumas mães que me puxavam e me pediam com lágrimas:
- Doutor, esse é meu filho aleijado, ponha-o para caminhar, ponha sua mão nele...
Outras diziam:
- Doutor, faça meu filho enxergar.
- Doutor, meu filho é mudo, faça-o falar...
(escrevo isso com lágrimas nos olhos)
Eu não sou Deus, não fiz milagres, não faço. Apenas me esforcei pra que Lucas tivesse sua lesão REVERSÍVEL curada. Como fazer aquelas pessoas humildes entenderem isso?
Um sentimento de frustração me tomou completamente.
Não pude retribuir a fé daquelas mães em mim.
Infelizmente, a exaltação de meu nome na cidade não foi bem aceita pelos políticos parasitas do município e não pude renovar o contrato. Naquela época não havia nenhuma esperança de concurso. De qualquer forma fiz grandes amigos por lá e deixei meu nome no coração de alguns.
O importante é que Lucas voltou a andar e quem sabe até a correr...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Aconteceu no dia 09 de agosto



Confesso a todos que há algum tempo não frequentava a igreja católica, até o último domingo (08 de agosto), onde senti uma vontade enorme de ir à missa. Combinei com Prissilla e fomos. Confesso que me renovei. Senti-me muito tranquilo em meio aos irmãos católicos. E foi uma festa, muitos me cumprimentaram, até parecia que o padre era eu. (rsrs)
Apesar de não ter a figura de um pai há algum tempo, fiquei emocionado com a celebração voltada aos pais de nossa amada cidade. Também fiquei orgulhoso porque conheço verdadeiros superpais em nossa Rio Real, e alguns deles estavam lá.
Depois desse reencontro com Deus, fomos comemorar o dia dos pais com Neném, Joseane e, é claro, com Prissillinha. Acreditem, foi fantástico. Agente se dá muito bem e nosso bate-papo é sempre frutuoso.
Na segunda-feira (09 de agosto), viajei tranquilo a Cardeal da Silva, cidade onde realizo um ambulatório mensal de saúde mental e, posso confessar, divirto-me muito. Os pacientes de lá são amáveis, tranquilos, de baixa morbidade.
Neste bendito dia, tiramos uma breve pausa após o almoço a fim de esperar o horário de retomar o atendimento no turno da tarde.
Quando estava sentado em frente à televisão, na recepção do posto de saúde, eis que se sentou ao meu lado um senhor de seus quase 80 anos de idade, negro e que muito me lembrava meu bisavô materno, o qual perdi há 14 anos.
De repente esse senhor, educado e de feições cansadas virou-se e me disse:
- O senhor vai começar a atender que horas
Assustei-me porque sabia que ela não era meu paciente e que estava esperando o ambulatório da colega clínica por chegar às 14 horas. Perguntei-lhe:
- O senhor está esperando para ser atendido pelo psiquiatra?
- Não, mas quero ser atendido pelo senhor.
Estranho, mas voltei a confabular com aquele bom homem.
- O que está acontecendo?
Ele relaxou as feições da face e me respondeu:
- Veja bem Doutor...
Acho que alguém lhe disse que eu era médico porque, além de não usar branco, não possuía nada que me identificasse na profissão.
- Eu tenho um problema de diabetes e esse meu pé está me assustando, dói muito, meu dedo está ferido, já perdi a unha, estou preocupado. Meu diabetes nunca baixa, disseram-me que precisarei tomar insulina e que preciso ir ver um médico de diabetes. Eu não tenho condição de viajar e pagar particular, já fui umas duas vezes e nem ele resolveu.
Creiam que ouvi aquela história um pouco triste, porque entendo a necessidade de, quanto clínico geral, ver o paciente como um todo e não saber prescrever uma insulina era estranho, negligente.
- Vamos combinar assim, meu amigo. Quando a recepção lhe chamar pra dar sua ficha diga a ela que vai ser atendido pelo psiquiatra, certo?
Ele sorriu e me agradeceu.
Quando começamos o atendimento da tarde, claro que aquele bom homem foi o primeiro a entrar.  Ao me entregar o seu prontuário eis a surpresa, Seu nome, Jesus Lucas.
Percebam a sequência de coincidências: Na noite anterior havia me reencontrado com Deus, e na segunda feira fui escolhido por um paciente, em meio à multidão, para ajuda-lo e seu nome era Jesus.
Isso é sem dúvida mais um sinal do tamanho da minha responsabilidade neste mundo de humanos.
Obrigado, Senhor, você quer realmente muito mais de mim. Rsrs.

Adoro essa música

Uma Vez Mais
 
 

Voa minha ave
Voa sem parar
Viaja prá longe
Te encontrarei
Em algum lugar...

Permaneço em ti
Como sempre foi
Mais perfeito e mais fiel
Mesmo sozinho sei
Que estás perto de mim
Quando triste olho pro céu...

Quando eu te vi
O sonho aconteceu
Quando eu te vi
Meu mundo amanheceu...

Mas você partiu sem mim
E sei que estás
Em algum jardim
Entre as flores...

Anjo!
Meu tão amado anjo
Bem sei que estás
E eu do brando sono
Hei de acordar
Para os teus olhos
Ver uma vez mais...

Mais
O verdadeiro amor espera
Uma vez mais

Quando eu te vi
O sonho aconteceu
Quando eu te vi
Meu mundo amanheceu...

Mas você partiu sem mim
E sei que estás
Em algum jardim
Entre as flores...

Encontrei numa vitrine

Olhar

O que eu vejo
me atravessa
como ao ar
a ave

o que eu vejo passa
através de mim
quase fica
atrás de mim

o que eu vejo
- a montanha por exemplo
banhada de sol -
me ocupa

e sou apenas
essa rude pedra iluminada
ou quase
se não fora
saber que a vejo

(Ferreira Gullar)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010



"Falo a língua dos loucos, porque não conheço a mórbida coerência dos lúcidos."

Não Sei (Cora Coralina)

Não sei...
Se a vida é curta...


Não sei...
Não sei...
 

ou longa demais pra nós,


Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, Se não tocamos o coração das pessoas.


Muitas vezes basta ser: Colo que acolhe,


Braço que envolve,

 
Palavra que conforta,



Silêncio que respeita,

 


Alegria que contagia,



Lágrima que corre,



Olhar que acaricia,

  

Desejo que sacia,

  

Amor que promove.

  

E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, Mas que seja intensa, verdadeira, pura... Enquanto durar.'' 

E agora, 37...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

36 ... 37 (by myself)




Fazer aniversário é algo passível de discussão. Levando em consideração que o presente acabou de se tornar passado, aniversariamos a cada segundo ou milésimo dele. Os anos são convenções que julgo até importantes. Já pensou presentear alguém a cada segundo?
Ao findar 36 anos de vida, sem modéstia alguma, bem vividos; encontro o número 37 batendo em minha porta, ansioso, ávido, inquieto, mas com pés fincados ao chão. Daqui a pouco ele vai entrar sem nem pedir licença. E vai tentar aprontar todas comigo. É sempre assim, a cada ano, novas aventuras, e mais textos pro nosso blog. (rsrs)
Viver é realmente uma delícia, não sou eu a melhor pessoa pra falar sobre isso. Quem me conhece sabe do quanto enxergo a vida de forma apaixonada, sempre vendo o lado bom de todos e de tudo. Mas a vontade de me reinventar, mais uma vez, é enorme. Agente usa o aniversário como desculpa pra recomeçar, tirar aquele poeirinha, pisar mais firme, respirar fundo e agir.
Desta vez começo uma contagem regressiva, de encontro aos 40 anos, que apesar de ainda distantes começam a mostrar pequenos flashes da responsabilidade crescente que venho adquirindo ao longo desta vida feliz. Sim, responsabilidade. Porque ao amadurecer ainda mais, percebo o quanto necessito zelar todas as coisas que conquistei. Não o material, mas o espiritual: minha família, meus amigos, meus amores, meus seguidores, meus pacientes, enfim todos os que enxergam em mim uma base, um degrau, uma ponte, uma companhia, respeitando-se a devida reciprocidade.
Ao chegar aos 37 anos encontro-me com uma nova roupagem, finalmente tatuei o ícone Alex Kid no meu ombro esquerdo. Está selado o pacto entre eu e a minha forma de exercer a medicina. Agora preciso descobrir como me doar ainda mais, pois quero aumentar infinitamente a minha capacidade de amar, de perdoar e de acolher.
Aos 37 anos começo uma caminhada em busca da luz, sem pressa, sem acidentes, em paz. Quero presentear-me a vocês, repartir-me em inúmeros pedaços e oferecer a quantidade exata deles a cada um de meus amigos, porque só assim estarei em todos, na medida necessária.
Então que venha o número 37, porque prometo ser ainda mais intenso, mais feliz, mais presença, mais amor. Porque prometo continuar caminhando, sem olhar muito pra traz, abraçando todos ao meu lado. Porque prometo não desperdiçar nenhum tic e nenhum tac desse tempo tão precioso. Porque prometo continuar me reinventando e exercer ainda com mais afinco o meu papel de médico e doador de sonhos.
E se esse tal 37 não durar, que dure em todos tudo aquilo que eu semear.

Mais uma de consultório (by myself)


Uma história bem comprida...

João era o nome de um paciente idoso cheio de histórias fascinantes sobre sua vida. Residente em um pequeno povoado no estado da Bahia, com seus 78 anos bem vividos ao lado de Dona Terezinha, esposa e companheira de mais de 50 anos, sempre aparecia no ambulatório apenas para o controle da pressão arterial, da qual cuidava exemplarmente.
Pois bem, numa certa manhã de quarta-feira, com céu claro e o sol desejando fazer um churrasco bem grande (rsrs), lá estávamos na pequena casa que servia de consultório improvisado para o atendimento médico e de enfermagem da nossa equipe de saúde da família tão esperada pelos moradores locais.
Lembro-me bem dos pacientes daquela comunidade, eram poucos e compareciam ao dia de atendimento como um aluno tem de comparecer ao curso de graduação. Era interessante. Todos estavam lá em todos os ambulatórios. Com raras exceções, como Dona Raimunda cuja função era a de zelar pela casa e da equipe e quase nunca solicitava receitas.
Nesta bendita e quente manhã, todos, desta vez sem exceção, apareceram. Estavam aflitos. Pensei logo que fosse por causa do calor. Como a maioria dos pacientes era de idosos fiquei logo preocupado e comecei fazendo uma pequena palestra (tipo sala de espera) sobre o calor, seus benefícios e malefícios. Entre os argumentos, as perguntas e respostas, passaram-se mais de 1 hora. O que encurtara e muito o tempo de atendimento para aquela manhã, pois à tarde necessitaríamos visitar outra comunidade.
Seu João foi o terceiro a ser atendido, ele estava triste, preocupado, como nunca o havia visto antes. Nem imaginei que sua queixa pudesse ser diferente, porque ele sempre fazia o acompanhamento do seu quadro de hipertensão arterial com excelentes resultados. Apesar da idade, Seu João era um paciente muito disciplinado.
Ao iniciarmos a consulta daquele dia, o bom homem desabafou:
- Meu amigo Dr. Alex, hoje lhe trago uma notícia não muito agradável. Eu e minha velha discutimos ontem...
Nesse momento senti-me atraído pra mais perto e sentei-me ao lado dele
- O que houve meu velho? Por que vocês brigaram?
- Alex, veja bem, essa velha está muito irritada comigo porque ontem pus umas carnes pra secar no sol e ela sempre reclamando do sal, sempre me regulando. Não sabendo ela que não era pra nosso consumo e sim pra receber uns netinhos e filhos que estão pra chegar e adoram aquela carne torradinha que a minha Terezinha sabe fazer...
Estava explicado o mal entendido
- Seu João, como o senhor está se sentindo depois de terem discutido? Mediu a pressão lá fora com a enfermeira? O que ela lhe disse?
- Ah, minha pressão está ótima, o que não está bom é meu coração. Imagine que nós nunca brigamos, meu filho, ao longo destes quase 53 anos juntos.
- Tá bom, meu velho amigo, mas antes de prosseguirmos me deixa dar uma conferida como é que as coisas estão.
Percebi que seu pulso estava acima do normal e que a pressão arterial sistólica havia se elevado.
- Seu João, o senhor realmente mediu a pressão lá fora? Mostre-me a anotação, por favor.
Realmente ele havia medido, mas estava me omitindo o resultado verdadeiro. Receava que fosse passar-lhe algum carão. (rsrs)
- Alex, escute meu filho: desde que eu briguei com minha velhinha, estou assim, mas vou ficar bem. Ela é que é resmungona, fica tagarelando o dia todo. Isso só faz piorar uma dor que tenho atrás da cabeça e caminha pros lados...
Neste momento o interrompi. Seu João nunca havia referido um sintoma como este. Na verdade ele quase nunca se queixava de alguma coisa. Aparecia somente para controle da pressão arterial
- Seu João, conte-me mais sobre essa dor, como ela começou, fale tudo...
Pra que eu fui usar essa expressão?
- Pois é Alex, vou te contar: Quando eu tinha 12 anos...
Tá vendo o que dá querer saber realmente tudo?
Seu João realmente começou a história de 66 anos atrás e discorreu tudo muito bem, associava o sintoma a uma pancada que havia levado nesta época e a inúmeros fatores de estresse e ansiedade com o trabalho na lavoura, o casamento, a criação dos filhos, netos e etc, etc, etc.
Passados 30 minutos da consulta, e nem preciso falar que os demais pacientes aguardavam ansiosos e furiosos, eis que bate à porta uma senhora franzina, delicada, amável, Dona Terezinha.
- Doutor Alex, meu filho, esse velho ainda está aí, me deixa entrar porque já tá na minha vez de me consultar com você e ele fica aí tomando seu tempo, o que ele inventou desta vez?
- Nada demais, Dona Terezinha. Seu João estava aqui me falando desta dor de cabeça que começou aos 12 anos...
Fui interrompido
- Alex, tenho certeza de que ele não lhe falou tudo não. Vou te contar a história toda desde o começo pra você ficar bem informado e cuidar direito deste velho esclerosado... (rsrs)
Imaginem agora a minha angústia. Ainda estava no terceiro paciente de uma agenda de 20. Claro que chamei nossa enfermeira e disse-lhe para reagendar os pacientes da tarde (em outro povoado) porque aquela manhã iria adentrar o por do sol.
E foi o que aconteceu, após ouvir toda a história de ambos, examiná-los e prescrever-lhes exames e medicamentos, pude finalmente passar ao quinto paciente daquela manhã, que já era tarde. Felizmente havia um pomar na residência, e uma dieta frugal é sempre saudável.
O mais interessante é que, tendo em vista a demora do casal, todos os pacientes que entravam diziam:
- Olhe Alex, como Seu João e Dona Terezinha demoraram muito aqui, você tem de ouvir minha história direitinho também, nada de pressa...
E haja ouvidos. No final do dia a missão de médico escutador de histórias estava cumprida. Meus pacientes foram pra casa satisfeitos e isso também é MEDICINA. Muitos nos procuram apenas na tentativa se serem ouvidos e tento, a cada dia, ser realmente essa mistura de médico, ouvido e coração.
Saudades dessa turminha de idosos. Recentemente soube do falecimento de Dona Terezinha e que seu João andou bastante triste, tendo morrido algumas semanas depois. Espero que eles estejam contando suas histórias juntos agora.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"Vida" (Charles Chaplin)


“Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis”.
Já fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
Já dei risada quando não podia,
Já fiz amigos eternos,
Já amei e fui amado, mas também já fui rejeitado,
Já fui amado e não soube amar.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
Já vivi de amor e fiz juras eternas, mas "quebrei a cara" muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
Já liguei só pra escutar uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,

Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e... ...tive medo de perder alguém especial
(e acabei perdendo)! Mas sobrevivi!

E ainda vivo!
Não passo pela vida...
e você também não deveria passar. Viva!!!

Bom mesmo é ir a luta com determinação,
Abraçar a vida e viver com paixão,
Perder com classe e vencer com ousadia,
Porque o mundo pertence a quem se atreve
E
A VIDA É MUITO
para ser insignificante"

Cada um tem de mim exatamente o que cativou, e cada um é responsável pelo que cativou, não suporto falsidade e mentira, a verdade pode machucar, mas é sempre mais digna. Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão. Perder com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem mais se atreve e a vida é muito para ser insignificante. Eu faço e abuso da felicidade e não desisto dos meus sonhos. O mundo está nas mãos daqueles que tem coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos.
(Charles Chaplin)

Reverência ao Destino...

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por atitudes e gestos o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demostrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer ” oi " ou ” como vai ? "
Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo, como uma corrente elétrica, quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que se deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que somente uma vai te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

domingo, 1 de agosto de 2010


"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore,dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!"
(Arnaldo Jabour)

...se antes de cada ato nosso,
  puséssemo-nos a prever todas as consequências dele,
a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis,
não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar.
(José Saramago)

"Alguns dos melhores momentos da vida
a  gente experimenta de olhos fechados,
tudo o que acontece dá para imaginar...
Tudo o que se imagina, pode acontecer"
(Cecília Meirelis)

Devaneios (by myself)



O que sinto agora?
Ansiedade, medo, insegurança?
Ou tudo a uma só vez?
A incerteza segura uma de minhas mãos.
Ao lado dela, a vontade de prosseguir.
E com um peso nas costas,
A responsabilidade e a certeza
De parar, simplesmente parar...
E me refazer, e me reinventar.
Mudar o caminho, correr, voar, desaparecer!
E reaparecer, no momento incerto.
E certo de que este é o fim
De um começo equivocado.
E o início de um fim,
Onde fecho meus olhos
E num grito mudo, silencioso,
Simplesmente morro.